Turismo de fôlego

Cresce o número de pessoas que aliam corridas a viagens de lazer. É o chamado maraturismo Correr em diferentes paisagens é recomendação dos treinadores. Novos ares tornam o exercício menos repetitivo, mais agradável e, consequentemente, melhoram a performance. Mas há quem vá além da receita profissional e escolha como destino alguns dos mais famosos cartões-postais nacionais e internacionais. É o chamado maraturismo (combinação de maratona com turismo), impulsionado por gente que, após suar a camisa, aproveita para fazer valer os gastos da viagem e passeia por cidades como Paris, Berlim, Atenas e Nova York, palco de algumas das mais concorridas maratonas do mundo. Graças ao crescimento do esporte no País, já existem pacotes turísticos e agências de viagem voltados apenas para corredores, com técnico de corrida e massagista incluídos na equipe. Como as provas de maratona, em geral, oferecem opções para quem corre distâncias menores, nem todo maraturista precisa ser um atleta de ponta. Para a maratona internacional, no Rio, realizada em 28 de junho, entre os 15.400 inscritos, mais de cinco mil atletas eram de fora da cidade, entre eles mil estrangeiros, informa a organização. O administrador de empresas carioca Bruno Miller, 43 anos, participou do evento correndo a meia maratona, 21 quilômetros, como treinamento para a prova de Chicago, em outubro. "Escolho competições que me interessem, em lugares aos quais ainda não fui ou gostaria de conhecer melhor", diz. Depois de viajar com amigos para competir em Buenos Aires e Amsterdã, ele levou a mulher e as duas filhas à maratona da Walt Disney World, nos Estados Unidos, em janeiro. Miller é um dos corredores que preferem organizar as viagens por sua conta a ter de pagar a mais pelas mordomias das excursões. A maioria das agências oferece hospedagem próxima ao local do evento, inscrições inclusas no pacote e entrega dos kits de corrida no hotel, entre outras facilidades. "Os passeios turísticos são opcionais. Mas já planejamos a viagem contando com os dias extras", revela Heloisa Wetzel, uma das sócias da Power Turismo, que teve um crescimento de 50% na procura de pacotes de corrida no último ano. A professora Arlete de Menezes, 38 anos, de Brasília, já saiu de seu Estado duas vezes para correr, sempre em excursão. Ela não dispensa a companhia do grupo. "Quando vou a lugares que não conheço, gosto de ter orientação." Segundo o clube de corredores Corpore, de São Paulo, em média 40% dos inscritos nas provas que a instituição organiza não moram na cidade onde a disputa acontece. Em destinos exóticos, como Honolulu, no Havaí, esse número chega a 60%. "O foco do atleta deve ser sempre o rendimento, porque maratona é uma prova exaustiva. Mas com frequência dá para apreciar o clima diferente", afirma David Cytrynowicz, presidente da instituição. Para o passeio não atrapalhar a competição, a combinação ideal é deixar a badalação para depois, orienta o professor de educação física e coordenador de corrida da academia carioca Estação do Corpo, Marcio Puga. "Ninguém quer perder o sonho da viagem por causa dos excessos", diz. *Revista Istoé 8 jul/09 Ano 32 nº 2069

Comentários

Postagens mais visitadas