JOAQUIMTUR DIZ: A HORA E A VEZ DE DEÍFILO GURGEL!!!
Muito
Edição de domingo, 6 de novembro de 2011
A hora e a vez de Deífilo Gurgel
Tido como um dos mais importantes folcloristas do país, potiguar narra sua vida e obra em vídeodocumentário
Sérgio Vilar // sergiovilar.rn@dabr.com.br
Qual o melhor adjetivo para definir Deífilo Gurgel? A obra poética, o apego pela simplicidade e o acervo documental na seara do folclore caminham ao lado dos seus 85 anos. Talvez Deífilo esteja melhor representado em seus versos, nos mestres da cultura popular que estudou e descobriu. Ou quem sabe, nas palavras dos nove filhos, da esposa sempre namorada, dos amigos e admiradores. São muitos os caminhos para se chegar a Deífilo Gurgel. Por isso, o documentário sobre a sua vida será intitulado apenas Deífilo. Assim mesmo, com um "ponto" no final para abrir todas as possibilidades imaginativas para definição de quem ele é e representa para a cultura.
A ideia do documentário foi levantada pelo filho Carlos Gurgel. Após a inércia de alguns profissionais do audiovisual convidados para o projeto, o cineasta Fábio DeSilva deu a atenção merecida à ideia e já iniciou a produção. No sábado passado foi gravado depoimento de mais de uma hora com o protagonista. Deífilo Gurgel esperou quase quatro horas entre montagem de cenário e gravação. O sacrifício valeu à pena. Deífilo contou da infância em Areia Branca junto à gente simples da cidade, a adolescência e o encantamento poético em Caraúbas, até a vinda a Natal e o convite do então diretor da Fundação José Augusto, João Faustino, para chefiar o departamento de cultura.
Daí em diante foram 41 anos de pesquisa teórica e campal pelos interiores e rincões potiguares. Se Cascudo precisou de um puxão de orelhas do colega folclorista Mário de Andrade, que recomendou ao mestre a sair da rede e dos livros para botar a cabeça fora da janela pra ver o que acontece na rua e entender melhor a sua gente, Deífilo iniciou seus trabalhos já com o pé na estrada. E veio desse trabalho externo, durante dias longe da família e sob o sol sertanejo, a maior riqueza entregue por Deífilo ao folclore potiguar e nacional. Chico Antônio, Chico Daniel e Dona Militana são "apenas" a "santíssima trindade" do folclore local. Deífilo foi mais longe...
Folclore mapeado
O documento dos inúmeros grupos folclóricos e seus mestres detentores de uma riqueza quase perdida, abandonada, irreconhecida, talvez seja tão valioso quanto as figuras emblemáticas que hoje povoam o imaginário do folclore local. Os Caboclinhos de Ceará-Mirim, o Fandango e Chegança de Canguaretama, o Maneiro Pau de Portalegre, os bois de São Gonçalo do Amarante são alguns grupos folclóricos legítimos descobertos por Deífilo.
"Ausência do registro seria um pecado histórico" "Ninguém pode cobrar mais nada de papai"
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