Educ AÇÃO - CADA UM NA SUA REDE

Comunidades para ricos, bonitos, cinquentões.
As relações virtuais se segmentam e transformam a comunicação na internet
Hoje os usuários de internet gastam mais tempo nas redes sociais virtuais e nos blogs do que trocando e-mails. Com o interesse por essas páginas em alta, ter um perfil no Orkut já não é suficiente para marcar território e compartilhar experiências na web. O site de relacionamento do Google ainda é o mais popular entre os brasileiros, mas aos poucos surgem comunidades que atendem aos interesses de grupos bastante específicos. Faz sentido. Segundo pesquisa do departamento de sociologia da Universidade de Harvard (EUA), o comportamento "virtual" das pessoas difere pouco do seu modo de agir no mundo real. E, como elas querem conviver cada vez mais entre iguais, pipocam na web redes de relacionamento voltadas a públicos tão distintos quanto ricos e influentes, bonitos, com mais de 50 anos e infantil. "No Orkut o usuário não se comunica porque a rede é muito ampla", explica Maluh Duprat, professora do Núcleo de Estudos em Psicologia e Informática da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). "Ele procura essas comunidades específicas porque quer dialogar apenas com quem compartilha dos mesmos interesses." A funcionária pública Márcia de Aquino, 51 anos, buscava um site que reunisse pessoas de sua faixa etária para conversar. Ela já havia encontrado algumas opções, mas boa parte privilegiava quem estava em busca de relacionamentos amorosos - o que não era seu caso. Em janeiro, Márcia descobriu a rede social Maisde50, se cadastrou com o pseudônimo Endora e saiu fazendo amigos que, como ela, já tinham completado cinco décadas de vida. "O portal também tem matérias muito interessantes sobre saúde e família", diz. Para quem está no outro extremo etário também há alternativas. Uma delas é o Migux, que em dez meses juntou um milhão de usuários com idade entre 5 e 13 anos. "Para incluir todos os interessados, a interface é quase toda gráfica e simula o fundo do mar", afirma a presidente Anna Valenzuela. Para proteger os usuários, a empresa guarda todas as conversas e o número de registro de cada conexão, que pode ser usado para identificar a origem da mensagem. "Se deixar, o meu filho fica três horas seguidas no site", conta Rita Gerez, mãe de Rafael, de 8 anos. "Mas fico junto e não o deixo passar mais de 45 minutos no computador", diz. Conectado, Rafael aproveita para desenhar, cantar com os amigos e incrementar sua casa virtual. "Todo conteúdo é fornecido por nós", diz Anna. Um sistema também filtra palavras inadequadas. Mas como nada é 100% seguro, não é incomum encontrar usuários procurando namoradas e sugerindo conversas impróprias. "A presença dos pais é fundamental", reforça Anna. De maneira geral, a estrutura das redes sociais segmentadas já funciona como filtro para a entrada de novos membros. Mas em algumas há uma lista de exigências a cumprir para ser admitido. A A Small World, dos ricos e influentes, é uma das mais fechadas. Ser aceito requer indicação direta de membros da rede, que marcam festas e viagens entre eles. Outra comunidade muito exigente é a Beautiful People, que só permite o ingresso de pessoas bonitas. Durante 48 horas, os membros avaliam a aparência do aspirante. Se passar pelo crivo, ele ganha acesso às ferramentas do site. Critérios como os da A Small World e da Beautiful People podem parecer fúteis, mas ilustram a nova realidade das comunidades sociais. "Abandonei o Orkut há dois anos", diz David Lerner, empresário paulistano de 28 anos que tem perfil na Beautiful People. "Não gostava daquela mistura, não era a minha praia", conta. Na rede social dos bonitos, ele se sente em casa. Ou entre iguais. FOTO: SHUTHERSTOCK; ARTE: EDI EDSON *Fonte: http://www.terra.com.br/istoe/edicoes/2059/artigo132352-1.htm

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