A EPIDEMIA no Nordeste e no Brasil, aliados a IMPRUDÊNCIA, leva cada vez mais acidentados de motos ao hospital e a morte!!!

O caminho sem volta // A epidemia Fred Figueiroa // fredfigueiroa.pe@dabr.com.br e Juliana Colares // julianacolares.pe@dabr.com.br Foto: Hélder Tavares / DP / D.A Press Sentado numa cadeira de rodas na rampa do hospital Walfredo Gurgel, em Natal, Gildo Souza dos Santos esperava pela ambulância que o levaria de volta para Macau, a 175 Km dali. Cortes espalhados pelo corpo inteiro, blusa e bermuda rasgadas e o pé esquerdo engessado. Havia chegado ao hospital na noite anterior, depois de um violento acidente de moto na estrada, perto da sua cidade. Pela gravidade do quadro era estranho ter sido liberado em tão pouco tempo. Nas mãos guardava as radiografias que identificavam fraturas no pé, no tornozelo e dois dedos quebrados. Ainda tinha um corte profundo escondido pelo gesso. Na cabeça, pesava a sentença que ouviu do médico: "Você vai acabar voltando aqui para amputar a perna". Quando deixou o hospital, pulando num pé só até chegar à ambulância, Gildo Souza dos Santos levava um gesso na perna e um aviso na memória: "Você vai voltar para amputar a perna", disse um médico A frase é dura. Dita em um instante de tensão e raiva. Mas possivelmente verdadeira. A situação do pé de Gildo era extremamente grave e não havia outra saída médica a não ser fazer uma cirurgia de emergência. "De madrugada, vi um médico costurando o punho de um cara na minha frente e ele urrava de dor. A anestesia não fazia efeito. Fiquei com medo e não deixei que ninguém me operasse", relata o acidentado que sequer teve direito a uma maca para levá-lo até a ambulância, estacionada a alguns metros da porta do hospital. Foi se arrastando até lá, onde ainda permaneceu por mais de uma hora, esperando outros pacientes que iriam dividir o apertado e abafado espaço na viagem de volta a Macau. A condição financeira extremamente precária na cidade onde mora é mais um agravante para a sua recuperação. No dia seguinte, fomos até a casa dele. Gildo não estava lá simplesmente porque não havia uma cama em que ele pudesse ficar. Foi levado para a residência de um parente, numa cidade vizinha. A mãe e o pai - desesperados com os preços dos remédios - decidiram partir para alguns dias no mar. A pesca é a única esperança de renda extra. Em um só dia, sete motociclistas perdem a vida no Nordeste. Número que impressiona, mas que revela apenas um dos lados de um problema que devasta a saúde pública do país e está enraizado na sua precária estrutura social. Problema que ganhou contornos assustadores com o recente crescimento econômico, que aumentou o poder de consumo de parte significativa da população, mas atropelou etapas fundamentais de qualquer processo de desenvolvimento. A estrutura social - educação, trânsito, transporte e saúde - entrou em colapso com a onda desenfreada de consumo de motos e motonetas. De mãos atadas, o país assiste ao extermínio diário de pessoas saudáveis, quase sempre no auge da vida produtiva. São os jovens, dos 15 aos 39 anos, as principais vítimas dos acidentes de motos. Os que escapam da morte acabam caindo em outra estatística. Não menos brutal. Superlotam as emergências. Espalham-se sobre as macas nos corredores. Quase sempre politraumatizados e infectados, alguns chegam a passar mais de quatro meses deitados em uma cama - gerando um custo altíssimo para a saúde pública: a média de gastos com este tipo depaciente é de R$ 1,3 mil por dia. http://www.diariodenatal.com.br/2010/08/29/brasil1_0.php

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