Pais de alunos se unem contra a violência nas escolas

Professores, funcionários e pais de alunos de escolas públicas estão começando a se mobilizar, em busca de socorro. A situação de insegurança nas instituições de ensino está chegando à insuportabilidade e agora eles querem reagir. Em uma das escolas da capital as reuniões já começaram e as cobranças às autoridades também. Hoje o principal problema diz respeito ao envolvimento de alguns alunos com as torcidas organizadas Gang Alvinegra e Máfia Vermelha, dos times ABC e América, respectivamente. As brigas acontecem ao redor das escolas e agora as facções estão ameaçando invadir as unidades de ensino, com o objetivo de surrar rivais. É o que está acontecendo com a Escola Estadual Professor João Tibúrcio, no bairro do Alecrim. Há duas semanas alunos, professores e funcionários estão estudando e trabalhando sob a ameaça de uma invasão por parte de membros da Gang Alvinegra. “Eles já passaram aqui na frente, mas nós já havíamos dispensado os alunos, exatamente porque já tinham avisado que vinham”, conta a diretora da escola, Márcia dos Santos. Ontem a direção da escola reuniu os pais para ouvirem uma palestra sobre o perigo do uso das drogas pelos adolescentes, refletindo também sobre a violência que ameaça as salas de aula. “Estão em jogo as vidas das crianças e as nossas vidas. Por isso estamos alavancando esse projeto juntando a escola com as famílias”, explicou a diretora do João Tibúrcio. Maria Iracema da Silva, de 58 anos, tem três netos estudando nessa mesma escola. Na tarde de ontem, estava apreensiva porque foi buscar os garotos de 12, 14 e 16 anos, mas eles já tinham ido para casa. “Quem é que não fica preocupado? Já pensei em tirar eles da escola, porque estamos todos com medo”. Uma comissão foi formada pelos professores, funcionários e pais, e já procurou as secretarias estaduais de Educação e Segurança, cobrando providências. “Falamos com o comando de polícia da capital e eles disseram que iam ajudar, mas não todos os dias porque não há efetivo para isso”, disse a vice-diretora, Iraci Maria.Para o professor João Maria Mendonça, coordenador do Fórum de Políticas Públicas sobre Drogas, que fez a palestra na escola, faltam ações coordenadas para solucionar o problema. “O que percebemos é a total inexistência dessas políticas. É preciso unir as pessoas, as instituições, para que se criem ações eficazes contra a violência”. Secretário estadual pede ajuda à polícia militar O secretário Estadual de Educação, Ruy Pereira, disse que sabe dos problemas da violência junto às escolas desde o ano passado, e que vem procurando trabalhar a questão com soluções a curto e longo prazo. Mas ressalta que a violência entre as torcidas é um problema das grandes cidades, e que não é gerado nas escolas.“A nossa visão é de preocupação. Vamos trabalhar conclamando os pais, as universidades, psicólogos, enfim, quem possa nos ajudar a entender e combater este problema”, disse o secretário. Segundo ele, é preciso fazer uma reflexão sobre os fatores sociais que causam tanta agressividade entre os jovens. “Precisamos entender o que causa toda esta barbárie”. O secretário ressaltou a briga entre adolescentes rivais ocorrida na avenida Rio Branco na semana passada, flagrada pela TRIBUNA DO NORTE e frisou que as confusões não acontecem no interior das escolas. “Claro, está se aproximando das escolas porque são locais que concentram um grande número de jovens. Mas essas brigas estão nas ruas”. Ruy Pereira disse que está pedindo ajuda à PM para que policiais em folga sejam mantidos na porta das escolas e como medida para solução a longo prazo, citou o programa de prevenção às drogas organizado pela polícia e apoiado pela secretaria de Educação.

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