BRINCADEIRA É COISA SÉRIA

Jogo de areia e pedagogia humanescente são temas de dois livros que serão lançados nesta semana, em encontro científico Construir o cenário da vida através do faz de contas de uma história contada, montada ou desenhada por você mesmo, além de não ser tão difícil assim, não é apenas uma brincadeira de meninos e meninas. Das mãos inocentes de uma criança e do pensamento experiente de um adulto podem sair brincadeiras inteligentes que se transformam em verdadeiras obras de arte. O mundo do faz-de-contas e da realidade se encontram numa caixa de areia, onde música, dança, poesia, pensamento e lógica são ferramentas fundamentais para construção do saber a partir da própria experiência vivida ao longo dos anos. É assim o Jogo de Areia, uma técnica moderna utilizada pela pedagogia vivencial humanescente, que começa a ter a adesão de mestres, alunos, escolas e até de instituições de ensino superior em Natal. Jogo de Areia e a pedagogia humanescente são temas de dois livros que serão lançados no VIII Enex - Encontro de Ciências e Cultura da Faculdade Facex, na próxima sexta-feira,6.
Misto de arte, brincadeira e conhecimento, jogo de areia foge da pedagogia regrada Foto:Ana Tania Lopes/Divulgação
Aprender com o lúdico ou brincando para aprender é a filosofia dessa técnica que mudou completamente a rotina do curso de enfermagem da Facex. Quem pensar que brincar é coisa de criança fatalmente muda de opinião ao ver um grupo de alunos do ensino superior e candidatos a educadores sentados ao chão, ao lado de uma caixa de areia, montando cenários com as mais diversas miniaturas. Ali, ao som de uma música ambiente, eles pensam, repensam e montam a sua história de vida. Como numa aquarela, eles dão cor ao pensamento; como num palco de teatro, eles dão vida aos personagens; como numa partitura, eles cantam esta grande aventura lúdica de reconstrução do pensar e do saber. Segundo a consultora da Facex e secretária adjunta de Saúde do Estado, Ana Tânia Sampaio, essa técnica vem sendo aplicada no curso de Enfermagem, mas se adequa a qualquer modalidade ensino e faixa etária. "É um curso transdisciplinar, com base na pedagogia vivencial, onde até o vocabulário é diferente, não há disciplinas, os semestres sãochamados de eixos temáticos (ET), ao invés de períodos. Já as disciplinas são unidades programáticas (UP) porque são articuladas em cima de um eixo temático em cada semestre", explica. Mas o conhecimento prévio do aluno é o básico para as atividades projetivas e lúdicas, numa inversão da lógica tradicional, envolvendo teatro, construção de cenários, dança, colagens e desenhos. O aluno aprende sem nenhuma teoria, fazendo surgir o que se chama de ressonância cognitiva, que é a discussão e formação de um novo saber a partir das experiências prévias. O próximo passo é o momento vivencial em que o aluno vai a campo para estabelecer um confronto da realidade com o imaginário. "O aluno de enfermagem vai, por exemplo, a uma unidade básica de saúde para adquirir uma nova experiência, mas ele será avaliado não apenas com base nos meios tradicionais, mas em todo um processo reflexivo vivencial, avaliando não apenas conhecimento, mas também habilidades e atitudes", diz Ana Tânia. Processo seletivo Ana Tânia propõe um processo seletivo humanescente onde o jogo de areia é uma da principais etapas da seleção. Os candidatos a professor montam o jogo de areia numa mistura de arte, brincadeira e conhecimento. Depois, o cenário é fotografado e anexado uma descrição feita por ele. "Há subjetividades na formação desse cenário que normalmente ninguém vê e se projetam no Jogo de Areia. É impressionante como a gente conhece um pouco do interior desse educador quando se aplica esses testes", diz. Após a seleção, a pedagogia vivencial humanescente torna-se uma prática no dia a dia. Com seis turmas formadas, a consultora constatou um grande diferencial na prática pedagógica

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